quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Cinqueterre

Uma das próximas viagens.
Primeira vez que ouvi falar sobre as Cinqueterre, foi graças à Gabel e no único jantar da Liga de Viajantes...
O compromisso era cada um apresentar a sua viagem, fosse a que mais gostou, a que mais o marcou o até a ultima viagem feita.
Amazonia, Nepal, Costa Rica ... (acreditam que agora não me lembro a viagem que levei?? Mas acho que foi Laos/Tailândia)... e Cinqueterre.
Fosse pela simples beleza das fotos, fosse pelo entusiasmo com que o casal descreveu a viagem, os lugares, a paisagem, nunca mais me saiu da memória.
Há anos que penso neste lugar. Itália tem sido destino adiado, no ano passado estreei, e muito bem, com Florença e Siena, e agora gostava de voltar.
E nem de proposito este mês sai uma reportagem de viagens do Gonçalo Cadilhe.
A forma como ele escreve...

"Já muitas vezes, ao longo de quase 20 anos como viajante profissional, fui tentado a usar uma frase que escutei numa canção do Caetano. Nunca me permiti. É uma frase bonita, delicada, que não pode ser levianamente colocada em plano de igualdade com os clichés das brochuras turísticas, nem atirada para a arena dos lugares óbvios e previsíveis, nem desperdiçada no entusiasmo dos deslumbramentos passageiros. Por exemplo, era tão fácil usar essa frase, a frase, na vertigem luxuriosa do Grand Canyon, ou nesse fantasma da História que é a catedral esquecida de Akdamar, no lago de Van, na Anatólia, ou usá-la naquele cemitério perdido no fim da Polinésia que guarda logo ali, ao lado um do outro, os túmulos de Gauguin e Brel, enquanto a brisa agita as palmeiras e o Pacífico continua a ceifar pacientemente as falésias negras de Hiva Oa.

Continuei obstinadamente ao longo dos anos a recusar recorrer à frase da canção do Caetano. À espera da altura certa. O tempo também passa pela sensibilidade do viajante: lugares que aos 20 anos nos parecem "o melhor do mundo", aos 40 podem parecer-nos de uma banalidade confrangedora. E o contrário, claro, também se aplica. E assim, fui adiando. Quando teria finalmente a certeza de poder usar a frase sem me sentir ridículo, despropositado, conivente?

Regresso uma vez mais à Ligúria, onde tantas vezes fui feliz e tantas vezes tive quase toda a beleza do mundo ao alcance da mão, e a frase regressa uma vez mais aos meus lábios, como quem murmura uma canção - a canção de Caetano: "Alguma coisa acontece no meu coração." É aqui."

Podem ver o texto+fotos aqui

1 comentário:

Rui Frias, Porto disse...

começa-se num blogue, salta-se para outro, depois para outro, ainda mais outro e de repente já não se sabe porque é que se está ali, mesmo. Às tantas, um sobrenome capta a atenção, aguça a curiosidade, chama a uma espreitadela. e assim se descobrem um blog recheado de boas ideias de viagem. para copiar, obviamente, assim que se puder. E uma conclusão: se é Frias só pode ser 'boa onda'